O impacto das mudanças climáticas no estado de Goiás é evidente ao longo das últimas cinco décadas, revelando uma trajetória de extremos climáticos, desde temperaturas recordes até enchentes devastadoras e queimadas que têm moldado o ambiente e a vida dos goianos.
O GiroGoNoticias examinou os principais acontecimentos e curiosidades que marcaram a história climática do estado, traçando um panorama das mudanças mais significativas, desde a década de 1970.
Nos anos 1970, Goiás começou a experimentar os primeiros sinais de mudanças climáticas que fugiam do padrão histórico. Até então, o estado possuía um clima relativamente estável, com estações bem definidas. No entanto, ao longo dessa década, houve um aumento gradativo das temperaturas médias anuais e uma variação mais acentuada entre as estações seca e chuvosa.
Temperatura Média: A década de 1970 marcou um aumento na temperatura média anual de Goiás, especialmente nas regiões de cerrado. Esse aumento foi um dos primeiros sinais de que as mudanças climáticas globais estavam começando a impactar localmente.
Nos anos 1980, Goiás começou a enfrentar episódios mais frequentes de calor extremo. Esse período viu o estado registrar uma de suas temperaturas mais altas na época, em torno de 39°C, principalmente nas regiões centro-oeste do estado.
Verão de 1986: Este ano foi marcado por uma onda de calor intensa, onde cidades como Goiânia e Anápolis registraram temperaturas superiores a 38°C por vários dias consecutivos. O impacto desse calor intenso se refletiu na agricultura, com perdas significativas em safras devido à seca prolongada.
Os anos 1990 trouxeram consigo um aumento nos eventos climáticos extremos, com enchentes e secas prolongadas marcando a década. A urbanização crescente nas cidades goianas, especialmente em Goiânia, começou a mostrar seus efeitos na intensificação das enchentes durante o período chuvoso.
Enchente de 1997: Goiânia enfrentou uma das maiores enchentes de sua história, com o transbordamento do Rio Meia Ponte, que causou alagamentos em várias regiões da cidade. Essa enchente foi um ponto de virada, destacando a necessidade de um planejamento urbano mais robusto para enfrentar eventos climáticos extremos.
Seca de 1994: A seca que se prolongou por quase dois anos foi uma das mais severas registradas em Goiás, afetando drasticamente a produção agrícola e o abastecimento de água em diversas cidades. Os efeitos dessa seca foram sentidos na economia local, com prejuízos significativos para os agricultores.
Com a chegada do novo milênio, Goiás viu um aumento alarmante nas queimadas, especialmente em áreas protegidas como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Essa década foi caracterizada por um aumento na frequência e intensidade das queimadas, impulsionadas por secas severas e altas temperaturas.
Queimadas em 2007: O ano de 2007 foi marcado por uma das maiores séries de queimadas no estado, com milhares de hectares de cerrado destruídos. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi particularmente afetado, perdendo grande parte de sua vegetação nativa. Esse evento trouxe à tona discussões sobre a necessidade de políticas de prevenção e combate a incêndios mais eficazes.
Temperatura de 2009: Goiás registrou temperaturas acima de 40°C em várias regiões, tornando-se um dos anos mais quentes do estado. Este calor extremo, aliado à baixa umidade, criou condições ideais para a propagação de incêndios florestais, que devastaram vastas áreas de cerrado.
A década de 2010 consolidou a tendência de extremos climáticos em Goiás. Eventos de calor extremo e secas prolongadas continuaram a impactar o estado, enquanto enchentes severas passaram a ocorrer com maior frequência devido ao aumento da intensidade das chuvas na estação úmida.
Queimadas de 2017: Em outubro de 2017, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu uma das piores queimadas da sua história, com mais de 66 mil hectares destruídos. Este evento destacou a vulnerabilidade do cerrado goiano frente às mudanças climáticas e à ação humana. (foto capa: FernandoTatagiba/ICMBio)
Enchentes de 2018: A cidade de Anápolis enfrentou enchentes devastadoras em janeiro de 2018, resultando em deslizamentos de terra e alagamentos generalizados. Este evento foi um dos muitos que marcaram a década, evidenciando o impacto das mudanças climáticas na intensificação dos ciclos de chuva e seca.
Entrando na década de 2020, Goiás continua a enfrentar desafios climáticos sem precedentes. Com a pandemia de COVID-19 diminuindo temporariamente as emissões de poluentes, esperava-se uma redução no impacto climático, mas os eventos climáticos extremos continuam a mostrar a gravidade da situação.
Queimadas em 2020: Este foi um dos anos com o maior número de focos de incêndio registrados em Goiás nas últimas décadas. O impacto foi particularmente severo em áreas de preservação, com milhares de hectares perdidos.
Enchentes e Secas em 2022: O ano de 2022 foi um exemplo claro dos extremos climáticos que afetam Goiás. Enquanto o início do ano foi marcado por enchentes em várias cidades, o segundo semestre trouxe uma seca severa, impactando a agricultura e o abastecimento de água.
O Cerrado, conhecido como o “berço das águas”, é a savana mais biodiversa do planeta e cobre cerca de 40% do território de Goiás. Este bioma é vital para a manutenção do equilíbrio hídrico do Brasil, abrigando nascentes de importantes bacias hidrográficas, como a do Rio Tocantins e do Rio São Francisco. Além disso, o Cerrado possui uma biodiversidade única, com milhares de espécies de plantas, animais e insetos, muitas das quais não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.
Importância Hidrológica: O Cerrado é responsável por cerca de 70% do fluxo de água que alimenta as bacias hidrográficas brasileiras, tornando-o essencial para o abastecimento de água em várias regiões do Brasil. A vegetação do Cerrado possui um sistema de raízes profundas que auxilia na absorção e retenção da água, liberando-a gradualmente e contribuindo para a estabilidade dos regimes fluviais.
Biodiversidade: Este bioma abriga mais de 12 mil espécies de plantas, das quais cerca de 4.800 são endêmicas, ou seja, exclusivas dessa região. Além disso, o Cerrado é lar de cerca de 837 espécies de aves, 1.200 espécies de peixes, 199 espécies de mamíferos e 180 espécies de répteis.
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Informações sobre queimadas e registros históricos de eventos climáticos extremos.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Dados sobre temperaturas máximas e mínimas, além de informações climáticas de décadas passadas.
Ministério do Meio Ambiente (MMA) - Relatórios sobre o bioma Cerrado, sua biodiversidade e importância para o ciclo hidrológico.
Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (SEMAD) - Dados regionais sobre clima, queimadas e registros meteorológicos.
Artigos científicos e estudos acadêmicos - Pesquisas sobre o impacto das mudanças climáticas no Cerrado e na biodiversidade goiana.