Nos últimos meses, setembro e outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta em itens alimentícios, como carne bovina e suína. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam um aumento no índice de 1,08 pontos em relação ao mês anterior, com uma variação acumulada de 3,47% no ano. Entre os cortes que tiveram maior impacto no bolso do consumidor estão o contrafilé, que teve alta acima de 5%, e cortes de carne suína, que subiram mais de 4,5%.
Esse aumento é reflexo de uma série de fatores, tanto nacionais quanto internacionais. De um lado, o valor do dólar, que eleva a atratividade das exportações, impacta os preços internos, especialmente em um contexto de alta demanda nacional, influenciada pela maior circulação de dinheiro em ano eleitoral. Do outro, a valorização da arroba do boi — que aumentou mais de R$ 10 por semana em alguns momentos — fez com que os frigoríficos tivessem que repassar esses custos ao consumidor final. Segundo Fabiano Tavares, operador do mercado pecuário, "quanto mais o boi subia, mais os pecuaristas seguravam o animal, visando uma valorização maior, o que pressionou os frigoríficos a ajustarem o preço."
Ainda assim, o mercado pode estar próximo de um ajuste de preço, pois as chuvas frequentes dificultam a manutenção do gado em confinamento, e o custo elevado começa a afastar o consumidor da proteína bovina. Tavares aponta para a possibilidade de uma "queda momentânea" nos preços nas próximas semanas, especialmente se os consumidores continuarem a optar por alternativas mais acessíveis, o que pressionaria os frigoríficos a ajustar novamente os valores.