O aumento significativo de infecções causadas pelo HMPV (metapneumovírus humano) entre crianças na China tem chamado a atenção de autoridades de saúde em todo o mundo. O vírus, identificado pela primeira vez em 2001, pertence à mesma família do vírus sincicial respiratório (RSV) e pode causar desde sintomas leves, como os de um resfriado comum, até quadros graves de pneumonia e bronquiolite.
Embora especialistas considerem improvável que o HMPV se espalhe globalmente com o mesmo impacto do Sars-CoV-2, o surto serve como um alerta importante sobre infecções respiratórias em crianças vulneráveis, especialmente aquelas com condições pré-existentes ou imunidade comprometida.
O metapneumovírus humano (HMPV) é um agente viral que afeta principalmente o trato respiratório inferior. Segundo a pediatra Mirna de Sousa, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), crianças menores de cinco anos são as mais suscetíveis às formas graves da doença.
“Crianças com condições como asma, doenças cardíacas ou imunidade comprometida têm maior risco de desenvolver complicações graves. O vírus pode causar inflamação intensa nos pulmões, levando a bronquiolite ou pneumonia”, explica Mirna.
• Febre alta;
• Tosse persistente;
• Congestão nasal;
• Dificuldade respiratória;
• Fadiga extrema.
Em casos mais graves, pode haver necessidade de suporte hospitalar com oxigênio e ventilação mecânica.
As causas exatas do aumento dos casos de HMPV na China ainda não são completamente conhecidas, mas fatores como o retorno das atividades escolares presenciais, a mudança de estações e a queda da imunidade coletiva após anos de isolamento social podem estar contribuindo para a disseminação do vírus.
Além disso, especialistas não descartam a possibilidade de que variantes mais agressivas do vírus possam estar circulando, embora até o momento não haja evidências concretas de mutações significativas.
Apesar do aumento expressivo de casos, especialistas acreditam que o risco de uma nova pandemia global é baixo. A pediatra Mirna de Sousa explica que, diferentemente do Sars-CoV-2, o HMPV não é um vírus totalmente desconhecido, e grande parte da população já possui algum nível de imunidade natural contra ele.
“O HMPV não é um vírus novo, e isso faz uma grande diferença. Porém, o surto atual é um alerta claro sobre a importância de medidas preventivas e monitoramento constante, especialmente em grupos mais vulneráveis”, destaca Mirna.
As medidas preventivas contra o HMPV são semelhantes às recomendadas para outros vírus respiratórios:
• Higienizar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool em gel;
• Evitar contato próximo com pessoas doentes;
• Manter ambientes bem ventilados;
• Usar máscaras em locais fechados ou com alta concentração de pessoas;
• Manter a etiqueta respiratória, cobrindo a boca ao tossir ou espirrar.
Pais e responsáveis devem estar atentos aos sintomas e procurar assistência médica ao primeiro sinal de agravamento, como febre alta persistente ou dificuldade para respirar.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que está monitorando a situação internacional e que os protocolos de vigilância epidemiológica em aeroportos estão sendo reforçados para identificar possíveis casos suspeitos vindos do exterior.
Além disso, especialistas recomendam que os sistemas de saúde estejam preparados para um possível aumento na demanda por atendimento pediátrico nos próximos meses.
O alerta é válido, mas sem pânico
Embora o cenário seja preocupante, especialistas reforçam que não há motivos para pânico. O acompanhamento contínuo das autoridades de saúde e a adoção de medidas preventivas simples são as melhores formas de reduzir os riscos de propagação do HMPV.
“Precisamos manter a calma, mas também ficar vigilantes. A prevenção ainda é nossa maior aliada contra surtos de vírus respiratórios”, finaliza Mirna.
Saiba mais:
• Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
• Organização Mundial da Saúde (OMS)
• Ministério da Saúde – Vigilância Epidemiológica
• CDC – Metapneumovírus Humano