O acidente ocorreu na casa da mãe de Nicolas, na Vila Caquetá, município de Porto Acre. Durante o preparo de brigadeiros, a mãe acidentalmente deixou uma panela quente sobre a mesa. Infelizmente, o bebê derrubou o conteúdo fervente sobre o rosto, resultando em queimaduras graves.
Imediatamente após o acidente, a mãe levou Nicolas em um carro particular ao Hospital Ari Rodrigues, onde chegou às 15h30. No entanto, seu estado de saúde se deteriorou rapidamente durante a noite, exigindo intubação urgente. A regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) autorizou a transferência apenas com uma ambulância de suporte básico, ignorando a necessidade crítica de uma ambulância de suporte avançado para casos tão graves.
Nicolas chegou ao Pronto-Socorro às 21h10 em estado crítico, apresentando não apenas queimaduras extensas no rosto, mas também edema periorbital e labial, além de lesões bolhosas. A médica plantonista constatou que ele havia desenvolvido edema de glote, comprometendo seriamente sua respiração.
Diante da gravidade da situação, a médica Ozélia Paula solicitou apoio à plantonista do SAMU, Dra. Nádia, pediatra que estava disponível. No entanto, um enfermeiro se recusou a deslocar-se ao hospital sob a alegação de que a ocorrência não havia sido registrada no sistema do SAMU. Segundo os protocolos internos, apenas um médico, um enfermeiro e um condutor podem se deslocar juntos para as ocorrências.
Frente à inércia do SAMU e sabendo que a prioridade deve ser salvar vidas, Dra. Nádia utilizou seu veículo particular para chegar ao hospital e prestar atendimento. Enquanto isso, as médicas realizaram a intubação em Nicolas. Tragicamente, poucos minutos depois do procedimento, o bebê sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Funcionários do Pronto-Socorro relataram que a intubação deveria ter sido realizada no Hospital Ari Rodrigues; segundo informações da família, o médico responsável reconheceu não ter treinamento adequado para executar o procedimento.
A morte do pequeno Nicolas traz à tona falhas alarmantes na estrutura do atendimento médico e na coordenação dos serviços de emergência. O caso levanta sérias questões sobre os protocolos operacionais e a capacitação das equipes envolvidas no tratamento emergencial.
Familiares da criança registraram um boletim de ocorrência e o caso será investigado pela Polícia Civil. A comunidade aguarda respostas sobre essa tragédia que poderia ter sido evitada com um atendimento mais eficaz e humanizado.