Diversas cidades de Goiás amanheceram com outdoors denunciando o descaso do governo estadual com os policiais civis. A campanha "Perguntar não Ofende" expõe questionamentos sobre o descumprimento do acordo firmado entre o governo de Ronaldo Caiado e a categoria para reestruturação de carreiras.
As peças destacam a baixa valorização da Polícia Civil em comparação com outras forças de segurança pública, como a Polícia Penal e a Polícia Militar. Também chamam atenção para a disparidade entre os resultados que a Polícia Civil entrega à sociedade e a remuneração da categoria. A campanha convida a população a conhecer mais sobre o caso através do link https://www.sinpolgo.org.br/perguntar-nao-ofende.
A insatisfação da categoria se intensificou em dezembro de 2024, quando o governador Ronaldo Caiado recusou-se a encaminhar à Assembleia Legislativa o projeto de reestruturação das carreiras da PCGO. A proposta era resultado de mais de dois anos de negociações entre o governo e o Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (SINPOL).
A revolta dos policiais civis se justifica pela defasagem salarial em relação a outras corporações do estado. Atualmente, a Polícia Civil goiana ocupa a 18ª posição no ranking nacional de remuneração, segundo a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol). Em contrapartida, a Polícia Militar de Goiás é a mais bem paga do Brasil, e os delegados de polícia estão entre os três mais bem remunerados do país.
Segundo Renato Rick, presidente do SINPOL, a categoria aguarda por valorização há pelo menos seis anos. "Durante todo esse tempo, os policiais civis de Goiás conviveram com a promessa do governador de que a PCGO estaria entre as mais bem pagas do país. No entanto, isso nunca se concretizou", afirmou.
O SINPOL detalha que o acordo com o governo previa a correção salarial e o aprimoramento do modelo de progressão de carreira, além da eliminação de discrepâncias entre as forças de segurança. Em outubro de 2024, o projeto foi aprovado em assembleia geral da categoria e aguardava apenas o envio à Assembleia Legislativa.
Entretanto, seis dias antes do envio, Caiado rompeu o acordo unilateralmente e anunciou um reajuste salarial linear para todas as forças de segurança, que não cobre sequer as perdas acumuladas com a inflação e datas-bases atrasadas. Segundo o SINPOL, há três datas-bases pendentes, acumulando um reajuste de 16%, enquanto o aumento concedido pelo governo foi de apenas 11%.
A categoria denuncia que os policiais civis foram usados como peça de propaganda eleitoral, enquanto o governador Ronaldo Caiado se projeta como pré-candidato à presidência, utilizando a segurança pública como bandeira política. Os policiais civis seguem mobilizados e buscando reconhecimento para a valorização da categoria.