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Doença de Chagas ainda causa 4 mil mortes por ano no Brasil, alerta Idomed

Infecção silenciosa atinge até 4,6 milhões de brasileiros e preocupa autoridades de saúde pública

15/04/2025 18h58
Por: Lorena Lázaro
Foto ilustrativa: barbeiro
Foto ilustrativa: barbeiro

Brasília – Mesmo após mais de um século desde sua descoberta, a doença de Chagas segue como uma das principais causas de morte por doenças infecciosas no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, o país registra, em média, 4 mil óbitos por ano relacionados à enfermidade, que ainda acomete entre 1,9 e 4,6 milhões de pessoas em todo o território nacional.

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A preocupação se intensifica neste mês, marcado pelo Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril. O alerta vem do Idomed, grupo de instituições de ensino em saúde, que chama a atenção para os perigos da infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido principalmente pelo inseto barbeiro.

Segundo o Boletim Epidemiológico de 2022, da Secretaria de Vigilância em Saúde, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam as maiores taxas de vulnerabilidade à forma crônica da doença. Estados como Pará, Amazonas e Amapá registram altos índices de infecção por via oral, com destaque para o consumo de alimentos mal processados, como açaí e caldo de cana. Já os casos vetoriais predominam em áreas rurais da Bahia, Ceará, Piauí, Goiás e Mato Grosso.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a doença de Chagas seja endêmica em 21 países das Américas, afetando aproximadamente 6 milhões de pessoas, com 30 mil novos casos e 14 mil mortes por ano. Além disso, cerca de 8 mil recém-nascidos são infectados durante a gestação, e 70 milhões vivem em áreas de risco.

Infecção silenciosa e consequências graves

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A infecção ocorre geralmente pela picada do barbeiro, inseto comum em habitações precárias, como casas de taipa. O cardiologista e professor do Idomed, Herbert Mendes, destaca que o combate à doença passa por melhorias estruturais. “O principal caminho para evitar a doença é o investimento em habitação e saneamento básico”, afirma.

A doença de Chagas possui uma fase aguda, com sintomas leves ou inexistentes, seguida por um período de latência que pode durar até 30 anos. Cerca de 30% dos infectados desenvolvem complicações graves, como cardiomegalia (crescimento do coração), megaesôfago e megacólon, condições que comprometem o funcionamento dos órgãos e podem levar à morte.

“O Trypanosoma cruzi pode destruir o sistema de condução elétrica do coração, provocando arritmias e insuficiência cardíaca. Em casos avançados, o paciente pode precisar de dispositivos como marca-passo”, explica Mendes.

 

Tratamento e prevenção

O tratamento na fase aguda é feito com antiparasitários como o Rochagan, eficaz para eliminar o protozoário. Já os casos crônicos, especialmente os cardíacos, exigem monitoramento contínuo e, muitas vezes, intervenções médicas mais complexas.

A prevenção da doença envolve ações coordenadas de saúde pública, com vigilância em áreas endêmicas, educação da população, controle do inseto transmissor e fiscalização no preparo de alimentos.

 

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