Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou, nesta segunda-feira (6), a assistente social Márcia Helena Carvalho Lopes como nova ministra das Mulheres, substituindo Cida Gonçalves, exonerada após mais de dois anos no cargo. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União e representa um retorno de Márcia à Esplanada dos Ministérios, onde atuou no governo Lula entre 2010 e 2011 como ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Natural de Londrina (PR), Márcia é servidora pública de carreira e tem uma trajetória marcada pela militância em políticas sociais, especialmente voltadas à assistência social e ao combate à pobreza. Com forte ligação com o Partido dos Trabalhadores, ela se aproxima novamente da linha de frente do governo federal em um momento de reorganização política da Esplanada, com o objetivo de fortalecer a interlocução com movimentos sociais e reforçar o compromisso do governo com a equidade de gênero.
Márcia Lopes nasceu em 1957 e se formou em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde também concluiu uma especialização em políticas voltadas para crianças e adolescentes. Posteriormente, obteve o título de mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atuou como professora da UEL por três décadas, de 1981 até sua aposentadoria em 2011.
É casada com o professor Paulo da Costa Lopes e mãe de quatro filhos. Também é irmã de Gilberto Carvalho, figura histórica do PT e ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República nos governos Lula e Dilma Rousseff.
Filiada ao PT desde 1982, Márcia iniciou sua atuação política em Londrina, onde foi secretária municipal de Assistência Social entre 1993 e 1996. Em 2000, foi eleita vereadora na cidade, sendo a mais votada do partido. Sua atuação nos temas sociais, aliada ao perfil técnico e à militância partidária, chamou a atenção da direção nacional do PT.
Em 2004, foi convidada pelo então ministro Patrus Ananias para integrar a equipe do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), onde atuou como secretária nacional de Assistência Social e, depois, como secretária-executiva do ministério. Durante esse período, participou da formulação e implementação de programas como o Bolsa Família, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Sua atuação no MDS a credenciou para assumir o comando da pasta em março de 2010, quando Patrus Ananias deixou o cargo para disputar as eleições em Minas Gerais. Como ministra, permaneceu até o fim do governo Lula, sendo substituída por Tereza Campello já no início da gestão Dilma Rousseff.
Após sua saída do ministério, Márcia retornou a Londrina, onde foi candidata à prefeitura em 2012, obtendo 14% dos votos e ficando em terceiro lugar. Não disputou mais cargos eletivos desde então, mas seguiu atuando em frentes ligadas às políticas públicas e ao PT. Foi uma das fundadoras do Instituto Lula, organização voltada à preservação do legado político e social dos governos petistas.
Participou da equipe de transição do governo Lula em 2022, integrando o grupo técnico da área social. Desde então, manteve proximidade com o núcleo político do governo, sendo cotada para cargos de direção no ministério da área. A substituição de Cida Gonçalves foi, segundo interlocutores do Planalto, um movimento para ampliar o diálogo com alas do partido e consolidar o perfil técnico no comando da pasta.
Márcia assume o ministério com o desafio de consolidar políticas públicas para a promoção da igualdade de gênero, ampliar o alcance da Casa da Mulher Brasileira e enfrentar os índices crescentes de violência contra mulheres no país. Em sua primeira declaração como ministra, afirmou que “a igualdade de gênero é uma prioridade estratégica do governo” e que pretende “atuar com diálogo com movimentos sociais, universidades e gestores públicos”.
A nomeação foi bem recebida por setores do PT e por entidades ligadas aos direitos das mulheres. Ex-ministros do governo Lula destacam o perfil conciliador e a experiência de Márcia em políticas públicas como diferenciais para o novo cargo. Fontes próximas ao Planalto indicam que sua missão será também ampliar o protagonismo do ministério, hoje com orçamento modesto em comparação a outras pastas.
– Trajetória de Márcia Lopes
Atuação | |
1993 | Assume Secretaria Municipal de Assistência Social em Londrina |
2000 | Eleita vereadora em Londrina pelo PT |
2004 | Secretária Nacional de Assistência Social no governo Lula |
2005 | Torna-se secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social |
2010 | Nomeada ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome |
2011 | Aposenta-se da UEL e integra o Instituto Lula |
2012 | Candidata à Prefeitura de Londrina (3º lugar) |
2022 | Integra equipe de transição do governo Lula |
2025 | Nomeada ministra das Mulheres |
Fontes consultadas