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Apego a bebês reborn gera desconfiança entre brasileiros, aponta pesquisa

Para 31%, prática pode causar danos emocionais. Psicóloga alerta para limite entre afeto e fuga da realidade

27/05/2025 14h18
Por: Fernanda Cappellesso
Apego a bebês reborn gera desconfiança entre brasileiros, aponta pesquisa

Cuidar de bonecos hiper-realistas como se fossem bebês de verdade — com mamadeira, carrinho e rotina de sono — ainda gera estranhamento para grande parte dos brasileiros. Pesquisa inédita da Hibou, empresa especializada em comportamento de consumo, aponta que 49% da população acredita que o apego aos chamados bebês reborn deve ser desencorajado, por representar um possível distanciamento da realidade. Outros 31% vão além: avaliam que esse vínculo pode causar prejuízos emocionais.

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O levantamento, realizado nos dias 21 e 22 de maio com 1.594 pessoas acima de 18 anos, revela que, embora os rebornsganhem cada vez mais espaço nas redes sociais, o julgamento social ainda é forte e a empatia com quem estabelece laços afetivos com esses bonecos é baixa.

Conhecimento é alto, adesão ainda é restrita

De acordo com a pesquisa, 74% dos entrevistados afirmaram já ter ouvido falar sobre o tema, conhecer alguém que tem ou ter tido contato com a prática. No entanto, apenas 1% declarou possuir ou já ter possuído um reborn. Outros 2% nunca ouviram falar no termo, o que demonstra que, embora conhecido, o fenômeno permanece restrito a poucos adeptos.

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Prática é vista como exagero ou moda passageira

Para 27% dos entrevistados, a prática soa estranha ou exagerada. Outros 21% classificam como uma moda passageira. Apenas uma parcela menor associa a motivos emocionais ou terapêuticos: 9% enxergam como companhia afetiva, 10% como hobby ou colecionismo e 15% como entretenimento infantil.

Limite entre cuidado e escapismo

Na avaliação da psicóloga e especialista em saúde mental, Dra. Carolina Nogueira, o cuidado com bebês reborn não é, por si só, um problema — desde que a prática não substitua vínculos humanos ou interfira na vida social da pessoa.

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— O boneco pode, sim, ter uma função simbólica, principalmente em processos de luto, depressão ou solidão. Mas quando ele ocupa o lugar de relações sociais, familiares ou afetivas, acende um sinal de alerta. Nesse ponto, a prática pode ser uma fuga da realidade e gerar consequências emocionais — explica.

Segundo a especialista, o comportamento deve ser observado caso se torne recorrente ou exclusivo: — O que diferencia um hobby saudável de um problema emocional é a intensidade, a frequência e o impacto na vida da pessoa.

Benefício emocional ainda é visto com desconfiança

O levantamento mostra que 40% dos brasileiros não veem nenhum benefício na prática, enquanto 31% consideram que pode ser prejudicial do ponto de vista emocional. Apenas 1% acredita firmemente nos benefícios, enquanto 12% reconhecem algum efeito positivo em situações específicas. Outros 16% ainda não têm opinião formada sobre o tema.

Demonstrar afeto em público gera desconforto

Cenas de um adulto empurrando um carrinho com um reborn ou dando mamadeira em espaços públicos provocam desconforto em boa parte da população. Segundo o levantamento, 38% dos entrevistados achariam a situação absurda, mas não interviriam. Outros 12% afirmam que sugeririam à pessoa repensar o comportamento, e 4% dizem que confrontariam diretamente. Apenas 1% manifestou que reagiria com empatia.

Como a sociedade enxerga o apego

Questionados sobre como essa relação deve ser tratada, 49% dos entrevistados defendem que a prática seja desencorajada. Outros 28% acreditam que deveria ser acompanhada por profissionais de saúde, enquanto 17% entendem que só faz sentido em situações específicas, como luto ou apoio terapêutico. Apenas 4% consideram o apego legítimo como qualquer outro tipo de vínculo, e 2% acreditam que a prática deveria, inclusive, ser incentivada como estratégia terapêutica.

Sobre a pesquisa

A Hibou é uma empresa de pesquisa de mercado e comportamento do consumidor, com mais de 15 anos de atuação. Atua com metodologias qualitativas e quantitativas, monitoramento de comportamento, análise de mercado, hábitos de consumo e desenvolvimento de insights estratégicos para marcas e empresas em todo o país.

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