Nos cultos de matriz afrricana costuma-se celebrar o Odú Obará no dia 06 de junho, isso pela duplicidade do número 06 nessa data (06/06) que correponde a caída designada para esse Odú no culto de Ifá. Essa celebração visa trazer para dentro dos lares e para a vida das pessoas a alegria e a prosperidade relacionadas a Obará. Mas o que é um Odú e qual significado de celebrar Obará?
Os Odús representam caminhos na vida, a tradução literal da palavra iorubana significa “destino”. Na cosmogonia iorubana, os odús representam a manifestação da inteligência criadora, revelando tanto as características pessoais e missão de vida (odú de nascimento) quanto os desafios cotidianos de alguma fase da vida. Eles mostram o que potencialmente pode acontecer no caminho de uma pessoa, e também revelam o que pode ser feito para modificar as situações indesejadas. Odú não é um ser, apesar de serem apresentados por meio de narrativas e poemas tradicionais, os itans. Odús são signos que traduzem uma jornada ou um momento da vida. A tradição iorubá apresenta 16 Odús principais e a partir de suas combinações englobam 256 perpectivas de compreender caminhos e momentos que vivenciamos.
A partir desse entendimento, podemos perceber que conhecer o odú que está regendo nossa vida não cria um compromisso com nenhuma entidade. É como ler um mapa astral. Só que diferente dos signos do Zodíaco, a sabedoria ancestral transmitida pelo culto de Ifá permite “corrigir” para uma vibração positiva aquilo que estiver causando percalços na vida das pessoas. Assim como é possível chamar para si a vibração positiva desses caminhos, que é o que fazemos celebrando Obará.
Obará é o Odú do Oráculo de Ifá representado por seis conchas abertas, daí a relação com o número seis e a data 06/06. Ele representa o caminho da prosperidade, da abundância, da alegria e da satisfação pessoal. As pessoas que nascem sob esse signo são líderes, cheios de determinação e ideias inovadoras. Obará rege o progresso. Contudo, por se destacarem naturalmente, essas pessoas também enfrentarão muita inveja, traições e falsidade. Para compensar isso Obará concede aos nascidos sob seu signo uma grande proteção espiritual.
Uma das narrativas tradicionais (itan) desse Odú conta que no principio do mundo, 15 dos 16 odús foram até a casa do Oluwo (um sábio do culto de Ifá), com o propósito de encontrar meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que foi determinado pelo Oluwo. Obará, um dos dezesseis odús existentes, não se encontrava no grupo na ocasião. Contudo, ao saber do ocorrido, Obará apressou-se em fazer o que o Oluwo havia determinado. E que os demais odús não fizeram por simples capricho da sorte. Obará com afinco fez o máximo que pode para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária de pobreza.
Como era de costume, os 15 odús a cada quatro dias iam à casa de Olófin para consultar Ifá, e nunca convidavam Obará por ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com menosprezo. Dessa vez, quando foram à casa de Olófin, jogaram até altas horas e não conseguiram descobrir o que queriam. Olófin então se retirou por um momento e quando retornou trazia abóboras para presentear a cada um deles. Eles para não serem indelicados levaram consigo as abóboras ofertadas.
No caminho de volta para suas casas, um deles apontou para a casa de Obará e sugeriu de fazer ali uma parada. Embora alguns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante honra a Obará, pois ele era um homem simples que nunca influía em nada, o grupo acabou aceitando a sugestão.
Um deles mais avistou Obará e o saudou com essas palavras:
“– Obará, bom dia! Como vais de saúde? Será que há de comer em sua casa para oferecer a estes companheiros de viajem?”
Obará imediatamente respondeu que entrassem e se servissem da comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de Olófin.
A dona da casa foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade. Depois da refeição, Obará convidou para que se deitassem para uma madorna, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente.
Mais tarde, os 15 Odús se despediram do colega e lhe disseram simplesmente:
“– Fica com estas abóboras para ti.”
E lá se foram pelo caminho, satisfeitos com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, considerado sem valia.
Mais tarde, quando Obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e liberalidade, dizendo que ele tinha desejado mostrar ter o que não tinha, agradando aqueles que nunca olharam para ele e nem lhe deram importância.
Porém as palavras de Obará eram simples e decisivas:
“– Eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares. Estou cumprindo ordens e sei que fazendo estes obséquios, virá à nossa casa a devida prosperidade.”
Finda essa explicação, Obará pegou uma faca e cortou uma abóbora para preparar algo para si. De imediato, levou um susto com a quantidade de ouro e pedras preciosas que haviam dentro dela. Surpreso e com muita felicidade, constatou que o conteúdo dessa abóbora havia lhe dado o título de odú mais rico. Logo percebeu que haviam mais outras 14 abóboras a serem abertas e em cada uma delas encontrou outras riquezas em igual quantidade.
Obará comprou tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores. A prosperidade e a felicidade habitavam sua casa.
Estava marcado o dia para todos os odús irem novamente à conferência no palácio de Olófin, e como era de costume, chegaram bem cedo ao palácio, cada um no seu posto junto a Olófin.
Quando Obará vinha chegando, trazia consigo uma multidão que o acompanhava desde sua casa, e até mesmo músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De vez em quando, Obará mudava de um cavalo para outro, em sinal de sua nobreza.
Os demais odús foram tomados pela inveja, começaram a tremer e esbravejar, chamando a atenção de Olófin que indagou o que estava acontecendo. Foi então que lhe informaram que era Obará que estava chegando. Então Olófin perguntou aos demais odús o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles. Responderam todos que haviam jogado no quintal de Obará.
Disse então Olófin:
“– Eis que a sorte estava destinada a ser do rico e próspero Obará. O mais rico de todos os odús. Porque sua riqueza começou na sabedoria de ouvir os conselhos, na determinação em segui-los apesar das dificuldades e na generosidade para com seus irmãos.”
Obará nos ensina que o ponto de partida para transformar nossas existências em uma experiência auspiciosa é sempre interno, que a prosperidade financeira, e a mudança de destino, sempre tão almejados começam com uma reforma interior que nos faça mudar de atitude perante a vida, para que sejamos merecedores dessas bençãos.
Para atrair a vibração positiva de Obará
A transformação pedida por Obará é profunda e os resultados duradouros. E enquanto trabalhamos em nós mesmos, vamos ver umas dicas do que podemos fazer para atrair essa energia para nossos lares e nossas vidas com algumas dicas bem simples de fazer.
Você pode preparar um banho com 6 moedas, 6 folhas de louro e um punhado de milho de galinha fervidos em um litro de água. Quando esfriar, coe e tome o banho desde a cabeça. Pode usar essa água para borrifar a entrada de sua casa ou de seu negócio. Depois de coado, o louro e o milho pode ser colocado em uma planta. As moedas você deve oferecer a quem precisa.
Colocar baleiros e bomboniéres pela casa ou no seu trabalho também atrai a energia de Obará. A doçura disponibilizada chama a alegria e a prosperidade. Oferecer esses doces a quem chega representa a generosidade de Obará.
Normalmente, as oferendas mais elaboradas são realizadas por pessoas que tem o conhecimento e a prática dos cultos afro-brasileiros, pois vão necessitar das rezas adequadas a esse momento. Porém algo simples que você pode fazer por si mesmo é colocar em um prato branco: uma vela branca no centro, seis doces finos, seis chocolates, seis moedas e seis incensos. Acender a vela e os incensos de canela e convidar Obará para entrar em sua casa trazendo riqueza abundante. Quando a vela acabar, os moradores da casa podem comer os doces. As moedas podem ficar guardadas na carteira para atrair mais dinheiro.
Gostaram dessas ideias? Então aproveitem essa vibração positiva durante o mês de junho e façam a energia da prosperidade fluir em suas vidas. Se conseguirem fazer no dia de junho, melhor ainda. Estaremos na fase da Lua Crescente, favorável para incrementar nossos projetos e ampliar nossas ações. Qualquer dúvida, podem enviar pelo e-mail ou whatsapp que terei prazer em responder.
Nossa coluna por enquanto será de peridiocidade quinzenal, até que eu consiga mais tempo livre para escrever para vocês. Daqui a duas semanas trago mais conhecimento e dicas de como usar.
Desejo a todos vocês muita prosperidade e abundância de alegrias em suas vidas!
Àṣẹ irê ô!
Abençoados sejam!
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