Com o avanço da idade média da população brasileira, os sistemas de saúde enfrentam um desafio crescente: o aumento expressivo das fraturas de fêmur e quadril. Estimativas globais apontam que o número de casos pode chegar a 6,5 milhões até 2050. No Brasil, o cenário é preocupante, especialmente entre idosos — principais vítimas dessas fraturas, que impactam gravemente a mobilidade e qualidade de vida.
A fratura de quadril é uma urgência médica que exige tratamento imediato. A taxa de mortalidade no primeiro ano após a fratura chega a 20%, sendo os primeiros seis meses os mais críticos. Além do risco de morte, cerca de 50% dos pacientes ficam confinados ao leito ou à cadeira de rodas, e entre 25% e 35% passam a depender de cuidadores ou dispositivos de auxílio para se locomover.
Neste cenário, as mulheres são as mais afetadas — numa proporção de 2 para 1 em relação aos homens — e a idade média dos pacientes é de 78 anos, com pico de incidência entre os 81 e 85 anos.
O quadril é uma articulação complexa que inclui o acetábulo e a parte proximal do fêmur. As fraturas podem ocorrer em diferentes pontos dessa estrutura e os sintomas mais comuns são dor intensa, impossibilidade para andar e deformidades visíveis, como encurtamento ou rotação do membro inferior. A radiografia é o principal exame utilizado para diagnosticar esse tipo de fratura, podendo ser complementada por tomografia ou ressonância magnética, especialmente em casos mais sutis ou complexos.
Nem sempre é preciso uma queda violenta para ocasionar uma fratura. Em idosos com osteoporose ou doenças que fragilizam os ossos, como lúpus, HIV, anemia falciforme ou câncer, até movimentos simples podem causar a fratura.
Protocolo cirúrgico
De acordo com o médico ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia, Gabriel R. Silva, na unidade de saúde goiana existe um protocolo que determina o tratamento cirúrgico em até 24 horas após o diagnóstico. “Toda fratura óssea é uma urgência ortopédica. Quanto antes tratada, menores os riscos de complicações como trombose ou infecções”, reforça.
O tratamento é sempre cirúrgico e varia conforme o tipo e a gravidade da lesão. A duração da cirurgia ocorre entre 40 minutos e 3 horas, dependendo da complexidade. Em casos de fratura do colo do fêmur, especialmente em pacientes com artrose, a colocação de prótese de quadril é uma opção. No entanto, é necessário avaliar a condição clínica do paciente para definir a abordagem mais segura.
O pós-operatório exige cuidados com a ferida cirúrgica e foco em mobilização precoce. O ideal é que o paciente se movimente o quanto antes para reduzir os riscos de trombose e pneumonia, contribuindo para acelerar a reabilitação.
A recuperação óssea costuma ocorrer entre 6 e 8 semanas, mas a mobilidade pode ser retomada antes, especialmente com fisioterapia adequada. "É 50% cirurgia, 50% reabilitação. Mesmo pacientes idosos podem recuperar a mobilidade, desde que o acompanhamento seja bem conduzido", conclui.
Fonte: Gabriel Rodrigues Silva - CRM: 21014 / RQE: 14955