Aumentaram os casos de infecções respiratórias graves em Goiás e, com isso, o Governo do Estado decretou situação de emergência em saúde pública. O motivo é o avanço da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), condição caracterizada por uma infecção respiratória severa que ocasiona em dificuldade para respirar e lesões nos pequenos sacos de ar nos pulmões responsáveis pelas trocas gasosas (alvéolos pulmonares), o que compromete a oxigenação do sangue.
O alerta segue por todo o Brasil. O último Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado no dia 3 de julho, mostra que o número de casos de SRAG permanece em níveis elevados na maior parte do País. Em Goiás, a primeira metade do ano de 2025 já contabilizou mais de 6 mil registros da infecção respiratória, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). Esse quadro tem pressionado as redes hospitalares e provocado alta de mais de 33% nas solicitações de internação.
Em meio à circulação de vírus como Influenza, Covid-19, Vírus Sincicial Respiratório e Rinovírus, a orientação é redobrar os cuidados. A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta explica que a SRAG representa um agravamento de infecções respiratórias. “A Síndrome Respiratória Aguda Grave é um quadro de grande dificuldade respiratória e dificuldade de troca de oxigênio nos pulmões, causada por uma infecção respiratória severa. As causas mais comuns são as infecções virais”, afirma.
Quando um resfriado vira caso de atenção
A médica alerta que quadros gripais podem evoluir para SRAG, especialmente em públicos mais vulneráveis. “Isso é mais comum em crianças abaixo de 2 anos, idosos, pessoas em quimioterapia ou que não tomaram a vacina”, explica.
Além disso, Juliana aponta que a principal diferença entre uma gripe comum e um caso de SRAG se caracteriza na intensidade dos sintomas. “O principal sintoma é falta de ar intensa, que dificulta a realização de atividades cotidianas. Caso a pessoa tenha um oxímetro para avaliação, na SRAG a saturação normalmente está abaixo de 92%”.
Para casos com sintomas gripais leves, a recomendação é procurar por um diagnóstico médico. “Existe a possibilidade de realização de teste rápido, o que auxilia muito na identificação do vírus e na condução do tratamento”, completa.
A presença de febre e tosse em crianças deve ser encarada com atenção, especialmente no ambiente escolar. “Crianças com quadros gripais, especialmente na presença de febre, não devem ir à escola”, reforça Juliana.
Grupos que precisam de atenção redobrada incluem pessoas imunossuprimidas, pacientes com doenças respiratórias crônicas, idosos e crianças pequenas. “Os principais grupos de risco são pessoas abaixo de 2 anos, acima de 65 anos, portadores de doenças respiratórias crônicas, imunossuprimidos — como transplantados ou em quimioterapia”, detalha a otorrinolaringologista.
Máscara, vacina e isolamento: medidas seguem válidas
Diante do cenário de emergência, o uso de máscaras volta a ser uma medida importante, especialmente para pessoas já vulneráveis e para aquelas com risco maior de desenvolver complicações. Segundo a médica, quem está gripado deve evitar circular em locais fechados, usar máscara para reduzir o risco de contágio e repousar.
A vacinação também continua sendo uma das principais estratégias de prevenção. Mesmo quem está fora dos grupos de risco pode se infectar, ter sintomas leves e transmitir o vírus para alguém com maior vulnerabilidade. Dessa forma, a especialista lembra que qualquer pessoa pode transmitir infecções, mesmo sem perceber. “Muita gente tem infecção assintomática e não se dá conta de que está espalhando o vírus”.
Número de vacinados segue baixo
Apesar da campanha nacional de vacinação contra Influenza ter sido aberta para toda a população desde maio, os dados mais recentes da Secretaria de Saúde mostram que Goiás tem apenas 39% de cobertura vacinal, com apenas 1.502.876 doses aplicadas.
Em 2024, entre os grupos prioritários, esse índice chegou a 48,74%. A baixa adesão preocupa especialistas e gestores públicos. Para Juliana, é preciso que médicos, profissionais da saúde e autoridades falem mais sobre o assunto. Segundo ela, a desinformação continua sendo um dos maiores obstáculos à ampliação da imunização.
As recomendações para o atual cenário não mudaram: manter a carteira de vacinação em dia, usar máscara em ambientes com aglomeração — principalmente quem tem maior risco —, e evitar sair de casa em caso de sintomas gripais.
Procurar orientação médica diante de qualquer sinal de agravamento também é essencial. “O mais importante é que as pessoas saibam reconhecer quando procurar ajuda, se cuidar e, acima de tudo, proteger quem está ao lado”, finaliza Juliana.